MINIATURA: Arquipélago
Galeria .Aurora
São Paulo, Brasil
2013
MINIATURA was a collaborative project between Bruna Canepa and Ciro Miguel from 2011 to 2015.
Exhibition text by Lucas Girard
“ILHA DE CÂMARA
os espaços que conhecemos estão todos ocupados
POSTER MODERN | NOW HERE MAN
Da borda das vontades as idéias pulam e mergulham na torrente atordoante das trocas, perdendo-se apenas para reaparecer aqui, ali e lá.
Nas centrais de Legitimação, os formulários dos protocolos de origem acumulam-se. Na rua, boletins de ocorrência pipocam nos terminais manuais. Vivemos, na concepção de Paul Virilio, uma inércia polar. O que há de real concreto, o dito corpo, esfacelado pela (f)Era do Tempo Único. O rei no Ubíquo, o controle remoto. Encurralados neste instante, lento e tão veloz, mantemos aberto o único olho que nos é permitido abrir: o Grande Olho que vê a Terra toda, que a vê girar diante de si, submissa, miniatura – teatro de nossa claustrofobia.
TUDO DE ENSAIO | ORDENADAS ABISSAIS
O mundo, objeto na mesa de operação, (a história repassada numa condensação sagaz de estilos, formas e citações) é o lugar problemático (suas cidades, o trambolho da natureza) deste indivíduo que, no topo do saber da arquitetura quer, nesta realidade pasteurizada, neste contexto de (f)rígidos ditames e emoções sincronizadas, expandir o campo de suas potencialidades discursivas, abrindo quadros para fugas críticas e temporais de imaginação.
Abrigo nas ilhas desertas, silenciosas, monumentos encalhados em planos de projeção. Aqui, a geografiase coligaria com o imaginário. Manipulações sutis na escala (frisos precisos na massa negra) e na identidade dos lugares; da paisagem kitsch à domesticação de jubartes,ascariátides-sentinela monitorando as máquinas-território flutuantes, as intervenções incisivas na semântica dos espaços conhecidos (o porão-caverna, o ático-montanha; a cidade-natureza, o avião-ilha). São operações delicadas e complexas, corte de estilete: fatias finas do Grande Embutido (literaturwurst) de Histórias e Teorias da Arte, Arquitetura e Urbanismo.
CONTOS-DE-VISTA | METAÊXTASE
O conjunto, arquipélago, de atmosferas aqui reunidas pode ser um still de uma pulverização da consciência: todo homem é uma ilha. Fragmentos paralisados de uma dispersão centrífuga de formas de viver: desejos de habitar o longínquo, o inimaginável, (conhecer os segredos do Pacífico Sul, ser senhor dos anéis de saturno), desejo de construir uma paisagem-edifício, fundar destinos-edifício para a curiosidade viajante. Despertar desejos de aventura pelos corredores largos do pensamento arquitetônico – miragens e colagens na reconstrução do mundo.”