A.A.A – Antologia de Arte e Arquitetura
Curated by Sol Camacho
Galpão Fortes D’Aloia & Gabriel
São Paulo, Brasil
2020

“A exposição AAA – Antologia de Arte e Arquitetura é uma (con)sequência do projeto Exhibit A.A.A., realizado em 2019 em Chicago pela Bergamin & Gomide. Para esse projeto a galeria pensou, junto com a arquiteta Sol Camacho, em apresentar um pequeno “atlas” de arte brasileira – no sentido didático – para o público americano na cidade de Frank Lloyd Wright e Mies Van der Rohe. A forte relação e tradição da cidade com a disciplina de Arquitetura motivou a curadoria de uma seleção de obras mostrando também a estreita ligação que o Brasil tem entre os mundos da Arte e a Arquitetura.

As conexões entre o campo das artes plásticas e a prática de edificar no Brasil só se fizeram mais evidentes com a exposição e cresceu a vontade de expandir este mapa de relações entre disciplinas, algo que se consolida aqui com o convite e parceria da Fortes D’Aloia & Gabriel.

De novo com uma curadoria que parte do olhar de uma arquiteta e urbanista se apresenta esta junção de mundos no Galpão, em São Paulo, cidade ícone do patrimônio moderno edificado. 

Neste novo momento, o mapa se apresenta como antologia. Nos afastamos do atlas, com seu impulso totalizador, para apresentar uma seleção baseada em forma e conteúdo, com um recorte que vai além do temporal ou catalográfico, atravessando épocas e discursos. É uma coleção com propósito e autoria.

Com o trabalho de artistas, arquitetos, fotógrafos e designers que compartilham elementos e procedimentos da arquitetura como idioma, a exposição pretende evidenciar a relação entre a construção de espaços e a representação deles. Reunimos representações figurativas de edifícios e obras compostas de materiais usados na construção, mas também experimentos em escala, composição, abstração e geometria, aspectos que compõem a arquitetura e sua representação. O resultado é o uso da arte como reflexão sobre a arquitetura, seu papel social, seus procedimentos e sua história.

Nesta antologia, todas as obras são lidas como arquiteturas. Primeiro, porque demandam uma construção e um projeto. Também, porque demonstram o que é possível quando os objetos, signos e procedimentos da arquitetura são dissociados do imperativo da eficiência, da solução de um problema. Neste sentido, a arquitetura tem algo a aprender com a arte.

Diferentes facetas das arquiteturas estão expostas. Algumas obras lidam com os componentes do objeto construído. São estes os BLOCOS, que aparecem como unidades sólidas que ajudam na modularidade em projetos arquitetônicos e plásticos. As ESTRUTURAS são conjuntos de elementos de suspensão e apoio, explorações dos aspectos tectônicos dos materiais e as próprias imagens das estruturas: colunas e pilares chamando à reflexão sobre a história do trabalho e da arquitetura. Os MUROS se apresentam como barreiras físicas, tão necessárias à arquitetura quanto problemáticas no contexto sociopolítico brasileiro. Por fim, as SUPERFÍCIES, formadas por geometrias que encontram sua maior potência em sua bidimensionalidade, aparecem em obras que tratam de abstração, ângulos e dobras.

Há uma categoria de obras que fala de procedimentos e componentes formais, dissociados da representação de um objeto específico. Uma delas é a SUBTRAÇÃO, uma mesma ação realizada por escultores, fotógrafos e arquitetos, que resulta na conformação de espaços a partir do vazio, e não da matéria construída. A outra é a TRANSPARÊNCIA obtida a partir da delicada manipulação da matéria em tramas e camadas. Por último, aparece a COR, aplicada como expressão pessoal do autor e ferramenta de decodificação do espaço e das superfícies.

No campo da representação de conceitos espaciais que resultam da arquitetura, apresentamos um conjunto de obras que tratam dos INTERIORES. São objetos e imagens que criam e reproduzem espaços definidos, com forte manipulação de textura e cor. Muitos lidam com figuração e familiaridade, ou são os próprios objetos que habitam os interiores. Seu contraponto são as FACHADAS que aparecem em obras que tratam da manifestação exterior da arquitetura e sua relação com o contexto urbano. Elementos como portas e janelas aparecem repetidamente através de diversos tipos de releituras.

O projeto expográfico, parte importante, também, do projeto A.A.A., opera como paisagem abstrata, um território construído em que as obras são posicionadas e relações se estabelecem entre elas. É uma alusão e representação do contexto construído em que cotidianamente nos relacionamos, lugar onde acontecem todas as arquiteturas.”

The exhibition A.A.A – Antologia de Arte e Arquitetura [A.A.A. – Anthology of Art and Architecture] is an outcome and continuation of the Exhibit A.A.A. project, carried out in 2019 in Chicago by Bergamin & Gomide. For this project the gallery conceived, together with architect Sol Camacho, a small “atlas” of Brazilian art, with an educational aim, for the American public in the city of Frank Lloyd Wright and Mies van der Rohe. In light of that city’s strong relationship and tradition with the discipline of architecture, the curatorship selected works which also evinced the strong link in Brazil between the worlds of Art and Architecture.

The exhibition spotlighted the connections between the visual arts and the design of buildings in Brazil, thereby encouraging the expansion of this map of relationships between the disciplines, an effort that is strengthened here with the invitation and partnership of Fortes D’Aloia & Gabriel.

Once again with a curatorship based on the perspective of an architect and urbanist, this junction of worlds is presented at the Galpão, in São Paulo, an iconic city of modern architectural heritage.

At this new moment, the map is presented as an anthology. We have moved away from the atlas, with its totalizing thrust, to present a group of works based on form and content, with a selection that goes beyond any ordering by time or cataloging, crossing through eras and discourses. It is a collection with purpose and authorship.

With the work of artists, architects, photographers and designers who share a common idiom – the elements and procedures of architecture – the exhibition aims to shed light on the relationship between the construction of spaces and their representation. We have brought together figurative representations of buildings and works composed of construction materials, along with experiments in scale, composition, abstraction and geometry, aspects that compose architecture and its representation. The result is the use of art as a reflection on architecture, its social role, its procedures and its history.

In this anthology, all the artworks are architectures. First, because they demand a construction and a design. Also, because they demonstrate what is possible when the objects, signs and procedures of architecture are detached from the imperative of efficiency, of a solution and of a problem. In this sense, architecture has something to learn from art.

Different facets of the architectures are shown. Some works deal with the components of the constructed object. These are the BLOCKS, which appear as solid units that help in the modularity in architectural and artistic designs. The STRUCTURES are sets of elements of suspension and support, explorations of the tectonic aspects of the materials and the images of the structures: columns and pillars calling for a reflection on the history of work and of architecture. The WALLS are presented as physical barriers, as necessary to architecture as they are problematic in the Brazilian sociopolitical context. Last but not least, the SURFACES, formed by geometries that find their greatest potential in their bidimensionality, appear in works that deal with abstraction, anglings and folds.

There is a category of works exclusively concerned with formal components and procedures, decoupled from the representation of a specific object. One of these is SUBTRACTION, an action carried out by sculptors, photographers and architects alike, which results in the configuration of spaces based on emptiness, rather than on the constructed material. The other is the TRANSPARENCY obtained from the delicate manipulation of the material in weavings and layerings. Finally, COLOR appears, applied as a personal expression of the author and as a tool for decoding the space and the surfaces.

In the field of the representation of spatial concepts that result from architecture, we present a set of objects that have to do with INTERIORS. They are objects and images that create and reproduce defined spaces, with a strong manipulation of texture and color. Many deal with figurativity and familiarity, or are the objects themselves that inhabit the interiors. Their counterpoint is the FAÇADES that appear in structures that deal with the exterior manifestation of architecture and its relationship with the urban context. Elements like doors and windows repeatedly appear through various types of rereadings.

The exhibition design, also an important part of the A.A.A. project, operates as an abstract landscape, a constructed territory in which the works are positioned and relations are established among them. It is an allusion and representation of the constructed context in which we forge relationships on a daily basis, a place where all the architectures take place.”